sexta-feira, 8 de maio de 2015

Diga aì, enfermeiro: Humanização na enfermagem, Por Marlei T.R.Zago, enfermeira




    Nossa missão, como profissionais da Enfermagem, é preservar a vida, desde a concepção até a morte. Aprendemos, na escola, a controlar sinais vitais, administrar medicamentos, proporcionar medidas de higiene e conforto e demais cuidados necessários à recuperação da saúde dos enfermos. Não aprendemos a ser profissionais humanos. Sentimo-nos recompensados quando alcançada a cura. O doente deixa o hospital, acompanhado por familiares, sorrindo, agradecido e nos acenando. E quando não alcançamos os objetivos esperados, será que nossos esforços foram inúteis?
     Como reagimos frente à aproximação da morte?
    Pensamos, muitas vezes, que cumprimos nossa missão, fizemos o que deveria ser feito. Porém, percebemos que fomos derrotados, nada mais nos resta, não temos mais o que dizer. Entramos no quarto vagarosa e silenciosamente, lançamos um olhar para o moribundo, constatamos pelo monitor que ainda vive, e nos retiramos, também em silêncio. Talvez com medo de despertar a morte. Esta é a nossa rotina. Muitos já morreram e muitos morrerão sob nossos cuidados.
      Cabe refletir: a rotina é para nós, não para o doente, que nunca morreu antes. É, para ele, uma experiência única, solitária e derradeira. Não podemos devolver-lhe a vida, mas podemos sim, tornar a morte menos solitária, permanecendo ao seu lado, reconfortando sua amarga agonia, segurando sua mão quando precisar desse alento.
      Sejamos honestos. Vamos admitir nossos temores. Tocar nosso doente. Perder nosso profissionalismo e mostrar que somos humanos, que realmente nos importamos com nosso semelhante. Podemos, assim, tornar mais suave morrer num hospital, com pessoas sensíveis por perto.
(Enfermeira Marlei T.R. Zago).

Nenhum comentário:

Postar um comentário